Richard Younge e as origens do batismo imersivo: Um poema anti-quaker e anti-batista.

Em janeiro de 1912, Champlin Burrage, renomado historiador dos movimentos religiosos dissidentes na Inglaterra do século XVII, escreveu o importante artigo The Restoration of Immersion by the English Anabaptists and Baptists (1640-1700). Ali, Burrage chamava atenção para um curioso documento que poderia lançar luzes sobre a origem do batismo imersivo na Inglaterra. Trata-se de um poema de Richard Younge, publicado então anonimamente, em 1659, intitulado Anti-Quakerism, or, A Character of the Quakers Spirit, from its Original and first cause. 
anti-quakerism2
O subtítulo quilométrico, como de costume, serve como sinopse e carta de intenção:
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Escrito por um cavalheiro que esteve por treze anos entre os Separatistas para fazer Observações, e agora retornou para casa com a plena intenção de expor todo o Mistério da iniquidade, ao desvelar a Prostituta, para que os homens não mais possam beber do vinho de suas Fornicações; ele jurou o celibato e dedicou-se plenamente aos exercícios da mente. E aqui ele descreveu o espírito do Quakerismo. 
1. Ser um Puritano estrito.    2. Um Anabatista.    3. Um Seeker.    4. Um Ranter.     5. Um Quaker, e, por que não, todas as coisas, e nada. Pelo qual caráter, todo Homem pode, em alguma medida, ver o engano de sua própria imaginação e ser cuidadoso, e devidamente atento consigo mesmo. 
Anti-Quakerism, p. única

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O “Manuscrito Kiffin” (MS K)

Este documento erige a história dos primeiros Batistas Particulares de Londres, de 1633 à publicação da Confissão das Sete Igrejas, em 1644. Foram aqueles que lideraram esse grupo de igrejas, e Kiffin entre eles, que foram responsáveis por um programa nacional de evangelismo, plantação de igreja e desenvolvimento de associações durante o período dos 1640 tardios e 1650.

B. R. White, Who Really Wrote the “Kiffin Manuscript”?, p. 8.

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O assim chamado “Manuscrito Kiffin”, doravante MS K, é um dos documentos conhecidos mais importantes para o estudo histórico das origens batistas a partir da tese separatista-puritana. Apesar de todas as suas limitações, é um documento que registra o advento da prática imersionista entre os batistas e o surgimento daquelas que seriam, mais tarde, chamadas de Igrejas Batistas Particulares. Pretendo oferecer um breve histórico desse documento e, ao final, uma tradução do mesmo para a língua portuguesa.

A menção inaugural do manuscrito se deu no The History of the English Baptists, de Thomas Crosby. Há muitos problemas envolvidos na citação elaborada por Crosby do suposto manuscrito, mas isso merece uma atenção especial em outro momento. Por ora, eis a certidão de nascimento do manuscrito nos livros de história batista:

Isso está de acordo com um relato dado sobre a questão em um manuscrito antigo, que diz-se ter sido escrito pelo Sr. William Kiffin, que viveu naqueles tempos e era um líder entre aqueles daquela inclinação.

English Baptists, vol. 1, p. 101.

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.:Indicação:. English Baptist Roots (James Renihan)

Quero indicar, com bastante ênfase, a seguinte aula do Dr. Renihan, especialmente para aqueles que estão se introduzindo nos estudos históricos batistas. Seu foco aqui é a formação dos batistas particulares, a qual, nesta aula, se confunde com o processo da restauração da imersão na Inglaterra.

Dr. Renihan diz, em certo ponto, que dedicou anos ao estudo dos batistas particulares, o que lhe rendeu sua tese de doutorado. Essa tese foi publicada sob o título de Edification and Beauty: The Practical Ecclesiolgy of the English Particular Baptists, 1675-1705. Como o subtítulo esclarece, seus estudos não versaram exatamente sobre as origens dos batistas particulares, embora seja esse o tema do primeiro capítulo do livro. Seu foco, antes, são as práticas eclesiásticas (governo, sacramentos, disciplina etc) e a teologia por detrás dessas práticas no lapso de tempo proposto.

Seja como for, a aula é excelente como introdução ao tema.

 

English Baptist Roots, por James M. Renihan

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RENIHAN, James M. Edification and Beauty: The Practical Ecclesiolgy of the English Particular Baptists, 1675-1705. Eugene: WIPF & STOCK, 2008. 

 

William Whitsitt e a questão do batismo imersivo: história e historiografia de um problema

A história dos batistas sempre foi um objeto de estudo delicado, quase fugaz. O movimento batista nasceu dos esforços separatistas na Inglaterra do século XVII, sendo, portanto, um movimento ilegal em boa parte de sua primeira infância. Isso significa que os documentos históricos batistas, ao contrário dos registros anglicanos ou, eventualmente, presbiterianos, não se confundem com os documentos oficiais do estado, o que os torna, no mais das vezes, relíquias de difícil acesso. Um tesouro sem mapa, por assim dizer. Além disso, é frequentemente difícil compreender a complexa relação entre os pastores/teólogos batistas e os historiadores batistas que lhes sucederam. Historiadores interpretam os documentos a partir de sua ótica, o que por vezes lança luzes, mas por vezes lança cinzas, sobre a real natureza de alguns fenômenos eclesiásticos. Como resultado desse cenário indistinto, a compreensão da identidade batista requer mais do que uma investigação doutrinária, mais do que uma incursão histórica, ela requer também uma peregrinação historiográfica.

O problema do batismo imersivo nos oferece um bom exemplo.

Em 1896, William Heth Witsitt, então presidente do Southern Baptist Theological Seminary, em Louisville, KY, publicou uma obra cujo título se impõe: A Question in Baptist History: Whether the Anabaptists in England Practiced Immersion Before the Year 1641? Em suma, Whitsitt indaga

Se esse povo inglês adotou, pela primeira vez o batismo por imersão e, assim, tornou-se, no ano de 1641 ou por volta de, os primeiros Batistas?

(A Question, p. 5)

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